17/12/2016

esculturas

O dia todo a fazer esculturas de areia
o sol toca na pele (a lua perfura
é isso e sem porque; quando na morte certa,
duas vezes certa é a vida

Nietzsche em solidão incompreendida
incompreendeu o amor de Salomé;
rizoma que não cessa de firmar
nascer e nascer e nascer (cíclico ser -

cortado o caule cortadas as raízes
nasce e renasce, ou seria um tipo de fruta de cera?
tinta em natureza morta e um bisturi esterilizado
numa operação cardiovascular de especialidade neurológica!

O outro dia, areia no chão - um mar de areia cansada
A Planta arquitetônica flor riscada em compasso
Pétala por pétala despedaçada por esquadros

Retangulares

O ofício infantil do castelo se refaz todo dia
enquanto vegetalmente se espreguiçam 
sem vergonhas em pedregosas ruínas medievais
e
na areia do sem tempo de todo oceano,
vadias as rasteiras crescem suas ramas sem flor: 

Raízes e caules, tantas pernas tantos braços...
Em fluxo, o floema.


Andy Goldsworthy, escultura de areia