08/06/2018

verdades de uma tarde de inverno (1-texto-tosco)

surrupiando a lógica no seu pensamento tortuoso (quantas vezes lhe torturaram com palavras), desceu as escadas de pedra e fez chá.
acendeu vela de bolo - já que era iniciante nessas coisas de bruxa fada - do aniversário do outro ano. a imaginação tão densa que precisa viver pra sonhar. abstração tão forte que todas as suas crenças tem nome nenhum: porque são todos os nomes. 
o que fazer com tudo isso é que não sabia pois não possuía nada. 

tanto o mundo material como o não material borbulhavam na água meio amarelinha como se uma fada fizesse xixi ali; é preciso fazer as coisas, pois é bonito sobreviver. 

primeira coisa a se fazer era matar aquela voz de fofuras - uma certa criança envelhecida no formol que babava sem dentes pedindo doces, agarrada nas pernas, na altura dos joelhos. 
era preciso contrariar um deus que nunca eu entendi mas eu sempre tive de respeitar porque eu desde sempre valorizei muito a sobrevivência. 
naquela urina doce havia veneno. mastiguei as flores com tanta ternura imaginando a fada minúscula que a criança de cera, pinnochio cheio de cupim, a criança foi se juntando que nem malha magnética, que nem limalha de ferro perturbada por algum imã forte, e a criança explodiu sozinha

mas ela esperou até que eu catasse nas minhas posses as tranqueiras que guardava que nem diário de menina estúpida, que cola papel de bala com a baba e o resto de bala no papel branco; fiz um monte de papel e jogando um a um no mar - numa bacia com água fervendo, e cada papel desembrulhado dizia 

o que foi amor foi bonito, fica na memória
o que foi imaginado, velado, vai embora

aguardo notícias da criança caquética, sei que isso vai ser pior que filme de zumbi.
enquanto isso, vou tentando entender quando o que aconteceu.




magnetismo em limalha de ferro. sem autoria.