08/11/2018

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Rextinção

espíritos de brumas; caminhantes, solitários, loucos.
a extinção outra vez toma conta dos nossos e arrebata outros
para serem sedentários, azucrinados e encarcerados.

como poderiam confinar brumas aos dados binários?
seu nome não é chave de ouro, nem sobrenome de barão - quais são os números que desenham
as propriedades do fogo?
nem zeus nem prometeu se atreveriam a este entrave tão vulgar.

pois a potência dos raios está em sua indecifração.
mais do que torturas,
tanto além da morte, o desafio é se vender.
o fetiche sobreposto à nudez. no peito o que cala é a cifra.
os sons anunciam o que já se descobriu:

efêmero espetáculo,
filosofia nem poesia em raio solar
(a sombra é mestre dos lobos sem mestres)
se é negócio que ofereces, o que quer que eu possa querer? forja divina dos raios?
roubados os raios,
que queres que queiramos?
o querer mais irrestrito, a forja da forja?
toma-nos o raio,
que as lições na memória
fitam nas sombras a forma da luz
se queres tanto
nesta cabeça oca a luz perfura como relâmpago
a árvore bruta da natureza
com a cegueira dos deuses

forja no limite do inexistente a abstração do que
no errar não é querer
quantas vezes da Fortuna se esquivou, a bruta árvore
dominada sob a forma de cadeira
trono de deuses e reis, bancos.

em bandos nós desprezamos as apólices
cpf ipva cnpj spc stf inss ftp
uivos lamentosos quando morre um
sem velório e apodrece as vísceras aos gaviões
urubus de todo tipo até águias de abismo
e assim é bruta a árvore, cheia da vida
fluindo o que é cifra
brumas, camelos, crianças, leões, brumas ao fim
impossíveis alvos de cifrão.

zeligara